
Em Mateus 2, vemos que os reis
magos que vieram visitar Jesus, eram na verdade sábios do Oriente. Eram
reconhecidos entre os povos como mestres, cientistas, astrônomos, e que se
dedicavam ao estudo da medicina.

Ao registrar a história dos
magos, o objetivo do evangelista pareceria ter sido o de mostrar que a criança,
nascida da linhagem de Davi para cumprir o ideal de realeza associado com o
nome do maior rei de Israel, foi reconhecida ainda na infância por
representantes do mundo não-judeu como sendo o “ Rei dos Judeus” por
excelência. Estes astrólogos especializados, com a sua característica
curiosidade científica, tinham visto um notável fenômeno astrológico cuja exata
natureza não é revelada. Familiarizados com a crença contemporânea generalizada
de que o tempo estava propício para o aparecimento de um rei que nasceria na
Judéia, o qual reivindicaria homenagem universal
e introduziria um reino de paz, eles partiram para tal país a fim de testar a
veracidade de sua conjectura. Não é de surpreender que a notícia da busca
destes astrólogos acabados de chegar tenha rapidamente alcançado os ouvidos do
Rei Herodes, e que este ficasse grandemente perturbado com isto, uma vez que a
última coisa no mundo que este mal-humorado tirano poderia admitir era a
presença de um rei rival seu entre os judeus. E ainda que os habitantes de
Jerusalém não partilhassem seu medo do menino recém-nascido, certamente ficariam
alarmados ante a possibilidade de mais uma demonstração da ira de Herodes. A
seriedade com que ele encarou os problemas que o menino lhe poderia causar se
refletem nos métodos que adotou para livrar-se dele. Convocando todo o Sinédrioindagou cuidadosamente sobre o que as Escrituras diziam sobre o lugar do
nascimento do Messias. Informado de que Belém seria a cena da natividade
despachou prontamente os magos para tal cidade com instruções de que lhe
trouxessem qualquer informação sobre a criança. Mas não permitiu que deixassem
sua presença antes de certificar-se com eles acerca do tempo exato em que haviam
visto a estrela pela primeira vez. Isto pode significar que ele já havia
decidido que, se não conseguisse localizar a criança em questão, empreenderia a
“ campanha de liquidação” registrada nos versos 16-18.

Os sábios visitaram a Jesus e o
presentearam com ouro, incenso e mirra. Estes eram itens bem caros para os dias
deles. A menção de três presentes deu ensejo à opinião de que eram três magos;
e a tradição de que estes eram reis data de Tertuliano. Com o passar do tempo,
seus presentes foram naturalmente considerados como símbolos da verdade cristã.
Assim fala-se de “ouro para sua humanidade, mirra para sua morte e incenso para
sua divindade; ou ainda, ouro por ser ele rei, incenso por ser ele Deus, e
mirra por ser ele mortal”.
Os magos procuraram o infante
Jesus para lhe prestar homenagem e lhe oferecer seus presentes. Herodes iria
logo procurá-lo para o destruir. Mas os artifícios do homem nunca podem
frustrar os propósitos de Deus; e tal como Faraó foi impedido de destruir os
israelitas pela intervenção divina em seu favor, assim também José foi
divinamente advertido para fugir com Maria e Jesus para o Egito. A terra que
antes fora um lugar de opressão, agora é um refúgio para o qual a sagrada
família pode ir, livrando-se do perigo.
Ao perceber que havia sido
enganado, Herodes irado ordena que todos os meninos de 2 anos para baixo sejam
assassinados.
O anjo orienta José e Maria a
partirem com o menino para o Egito. Após a morte de Herodes o anjo orienta José
a voltar para a Palestina, o destino é Nazaré.
Durante a nossa vida ouvimos
muitas vozes. Todas elas querem nos conduzir para um lugar novo, nova
experiência, caminho, estilo de vida, enfim. Há muitas vozes.
Contudo, assim como José devemos
ser sensíveis para ouvir a voz de Deus em meio às tempestades da vida.
A sensibilidade de José para
ouvir a voz do anjo de Deus em um momento de crise, fez toda a diferença em sua
vida, na de Maria e na de Jesus.

A ordem em que as palavras o
menino e sua mãe são encontradas nos versos 13 e 14 indica que desde o momento
de seu nascimento esta criança especial teve prioridade sobre todos os outros
seres humanos, inclusive sobre a própria mãe que o havia dado à luz.
A citação descritiva de Oséias11.1 no verso 15 “ Do Egito chamei o meu Filho” parece ter a intenção de
sugerir ao leitor que o Messias, que é a personificação do verdadeiro Israel,
repetiu em sua própria vida a experiência do Israel antigo; e também que ele
era um segundo Moisés, maior que o primeiro. Sua suprema obra de salvação tinha
como modelo o poderoso ato de salvação realizado por Deus através de Moisés a
favor do povo escolhido. E, tal como Moisés foi chamado para ir ao Egito e
libertar Israel, filho primogênito de Deus (ver Êxodo 4.22) da escravidão
física, assim também Jesus foi chamado do Egito em sua infância, através da
divina mensagem dada a José, para salvar a humanidade da escravidão do pecado.
Quando os astrólogos deixaram de
retornar a Herodes com a informação que lhe
possibilitaria agir diretamente contra a criança que era uma provável ameaça à
dinastia herodiana, o rei se viu pilhado por aqueles “ velhacos” do oriente e
caiu num de seus extremos de paixão. Porém, embora enfurecido, não se
descontrolou, pois já havia concebido um eficiente plano para
livrar-se deste assim chamado “ Rei dos Judeus”. Mataria todas ás crianças do
sexo masculino em Belém e suas redondezas, a saber, as que tivessem nascido a
partir do tempo em que os astrólogos primeiro viram a estrela — peça vital de
informação que ele tinha tido visão suficiente para descobrir antes deles
saírem de sua presença.
O Cristo menino tinha o poder de
uma vida sem fim: o tirano Herodes era mortal. Sua morte, que deve ter ocorrido
imediatamente após a execução de seu malsinado desígnio, tornou possível um
segundo, menor, embora mais momentoso “ êxodo” do Egito. Quando José foi
divinamente mandado de volta com o menino e sua mãe à terra de Israel, ele
compreendeu naturalmente, o que se provou certo depois, que HerodesArquelau que havia sucedido ao pai, haveria de mostrar-se “da mesma laia”
do pai; e, temendo sua ira, hesitou em retornar aos domínios do mesmo. Mas,
conforme foi depois instruído, a Galiléia, e não a Judéia, deveria ser o
distrito onde o Messias viveria até o tempo próprio para sua manifestação
pública a Israel. Assim aconteceu que o Cristo, que nascera
na cidade de Davi chamada Belém, foi criado em Nazaré, cidadezinha nunca
mencionada no Antigo Testamento, além de situar-se num distrito mais associado
com gentios do que com o povo de Deus. Nisto estava prenunciada a influência
universal que ele haveria de exercer como Salvador do mundo.
A citação ele será chamado
Nazareno, anotada pelo evangelista no verso 23 como cumprida no fato de Jesus
residir em Nazaré, há muito é considerada um enigma, pois tais palavras
simplesmente não existem no Antigo Testamento. Mas o fato de que o evangelista
introduz a afirmação como tendo sido dito por intermédio dos profetas pode ser
uma indicação de que ele não estava querendo fazer uma citação verbal exata,
mas sim apontar em termos gerais que ela estava inteiramente de acordo com o
que os profetas haviam predito, que Jesus deveria vir a ser conhecido como “
Jesus de Nazaré”.
Tal designação dele foi no início
um termo de escárnio e desprezo (ver João 1:46). Aliás, Isaias tinha
profetizado que o Servo do Senhor seria desprezado pelos homens. Parte do
“cumprimento” , portanto, desta e de outras passagens do Antigo Testamento,
está no desprezo por Jesus demonstrado pelas autoridades religiosas de Israel
por causa das associações dele com o que consideravam sua origem provincial.
